ATA DA QUADRAGÉSIMA SÉTIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA SESSÃO
LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 12.06.96.
Aos doze dias do mês de junho do ano de mil novecentos e noventa e seis, reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella, Clênia Maranhão, Décio Schauren, Dilamar Machado, Edi Morelli, Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn, João Dib, João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, Lauro Hagemann, Luiz Negrinho, Maria do Rosário, Mário Fraga, Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Raul Carrion e Reginaldo Pujol. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Isaac Ainhorn, 01 Indicação, e pelo Vereador Jocelin Azambuja, 02 Projetos de Lei do Legislativo n°s 87 e 89/96 (Processos nºs 1569 e 1586/96). Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios n°s 144 e 145/96, do Senhor Cézar Augusto Buzatto, Secretário de Estado da Fazenda; Telegramas: do Deputado Estadual Arno Frantz, Deputado Estadual, da Senhora Nair Marques Pereira Almeida, da Deputada Estadual Maria do Carmo Bueno, do Senhor Governador do Estado, Antônio Britto, do Senhor Berfran Rosado, Secretário do Trabalho, Cidadania e Assistência Social do Estado, do Ministro de Estado dos Transportes, Senhor Odacir Klein, do Senhor Nelson Proença, Secretário Geral de Governo do Estado, do Senhor Cristiano Roberto Tatsch, Presidente da Companhia Rio-Grandense de Telecomunicações - CRT, do Senhor Marco Maciel, Vice-Presidente da República, do Senhor Epitácio Cafeteira e do Deputado Federal Mendes Ribeiro Filho. A seguir, nos termos do artigo 100 da Lei Orgânica Municipal deu-se início à Tribuna Popular, destinada a tratar da desativação da Escola Estadual de 1º e 2º graus Professora Gema Angelina Belia. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Karin Aquere Júnior, representante do Conselho de Pais e Mestres da Escola, que discorreu sobre a importância da Escola Estadual Professora Gema Angelina Belia, pois a mesma é a única escola de 1° e 2° graus, situada na Avenida Antonio de Carvalho e atendendo às diversas vilas dos arredores, e se encontra hoje na iminência de ser despejada. Em continuidade, o Vereador Dilamar Machado teceu considerações sobre o tema da Tribuna Popular, propondo aos Senhores Vereadores que se procure uma solução para o problema apresentado. Logo após, o Vereador Jocelin Azambuja, em nome da Bancada do PTB. prestou solidariedade à causa da Escola Estadual Professora Gema Angelina Belia, colocando-se à disposição na condição de Presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esportes, para auxiliar nesta luta. Em prosseguimento, o Vereador Gérson Almeida discorreu sobre o tema da Tribuna Popular, propondo que a Câmara Municipal, juntamente com a Assembléia Legislativa, busque uma solução para o problema apresentado. A seguir, o Senhor Presidente comunicou ao Senhor Karin Aquere Júnior que a Câmara Municipal de Porto Alegre não ficará alheia aos problemas da referida Escola. Às quatorze horas e cinqüenta e um minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e cinqüenta e quatro minutos. Em PAUTA ESPECIAL, Discussão Preliminar, 4ª Sessão, esteve o Projeto de Lei do Executivo n° 031/96. Em PAUTA, Discussão Preliminar, 1ª Sessão, esteve o Projeto de Lei Complementar do Legislativo n.º 10/96; em 2ª Sessão, o Projeto de Lei do Legislativo n° 072/96; em 3ª Sessão estiveram: os Projetos de Lei do Legislativo n°s 66, 67, 71, 73 e 65/96, este discutido pelo Vereador Raul Carrion, e o Projeto de Lei do Executivo n° 30/96. Em prosseguimento, nos termos do artigo 94, letra "f", do Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Vereador Lauro Hagemann, que apresentou relato a respeito de sua participação, integrando a delegação da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, na Conferência Internacional Habitat II, realizada em Istambul. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Raul Carrion teceu considerações a respeito da redução do preço de venda do Banco Meridional, criticando a entrega do patrimônio público em nome de investir-se na área social. Em continuidade, o Senhor Presidente apregoou Requerimentos de Licença para Tratamento de Saúde dos Vereadores Clovis Ilgenfritz, José Valdir e Milton Zuanazzi, dando posse, a seguir, aos Suplentes Darci Campani, Gerson Almeida e Letícia Arruda, declarando que os mesmos integrarão, respectivamente, as Comissões de Urbanização Transportes e Habitação, Constituição e Justiça e de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos. Logo após, constatada a existência de "quorum", deu-se início à ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação, esteve o Projeto de Lei do Executivo n° 67/95, que foi adiado por duas Sessões, a Requerimento, aprovado, de autoria do Vereador Henrique Fontana. Em prosseguimento, foi aprovado Requerimento de autoria do Vereador Paulo Brum, solicitando a inversão da ordem dos projetos constantes na Ordem do Dia. Logo após, em Discussão Geral e Votação nominal solicitada pelo Senhor Presidente, foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo n° 64/96, por dezoito votos SIM, dois votos NÃO, votando Sim os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella, Clênia Maranhão, Décio Schauren, Dilamar Machado, Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana, João Motta, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Raul Carrion, Letícia Arruda, Gerson Almeida e Darci Campani, e Não os Vereadores Edi Morelli e João Dib. Em continuidade, foi aprovado Requerimento de autoria do Vereador Edi Morelli, solicitando o adiamento, por uma Sessão, da discussão do Projeto de Lei do Legislativo n° 139/95. A seguir, foi discutido pelo Vereador Giovani Gregol o Projeto de Lei do Legislativo n° 37/96. Às quinze horas e quarenta e cinco minutos, constatada a inexistência de "quorum", o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima sexta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Isaac Ainhorn e Edi Morelli e secretariados pelo Vereador Reginaldo Pujol. Do que eu, Reginaldo Pujol, 2° Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após ser distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1° Secretário e Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Isaac
Ainhorn): O
Ver. Milton Zuanazzi solicita Licença para Tratamento de Saúde no período de 11
a 14 de junho de 1996.
(Obs.: Foi aprovado o Requerimento de Licença do Ver. Milton Zuanazzi,
e dada posse a seu Suplente, conforme consta da Ata.)
TRIBUNA POPULAR
O SR. PRESIDENTE (Edi
Morelli): O
Sr. Karin Aquere Júnior, representando o CPM da Escola Estadual de 1º e 2º
graus Profa. Gema Angelina Belia, está com a palavra pelo tempo regimental de
dez minutos.
O SR. KARIN AQUERE JÚNIOR: (Lê.) "Exmo. Sr.
Presidente desta Câmara, Srs. Vereadores e demais membros desta Casa. Em
primeiro lugar, gostaríamos de agradecer-lhes por esta oportunidade.
Ao cumprimentá-los, viemos trazer-lhes o conhecimento da situação da
Escola Estadual de 1º e 2º Graus Profa. Gema Angelina Belia, situada na Av.
Antonio de Carvalho, 495, Partenon, contando atualmente com 1.120 alunos,
funcionando nos turnos diurno e noturno, sendo esta a única escola de 2º grau
deste zoneamento, e que hoje vive um momento de grande expectativa quanto ao
seu futuro, pois encontra-se na iminência de ser despejada.
Ocorre que, nessa escola, começou a funcionar em março de 1972,
ocupando a área do Instituto Nossa Senhora das Graças, pertencente à Associação
Instrutora da Juventude Feminina, a qual, através de um contrato de locação
denominado de "Comodato", transferiu ao Estado esta propriedade, para
instalação de uma escola pública.
Decorridos 24 anos, os locadores, usando de seu legítimo direito, após
já terem solicitado a devolução do imóvel, e prorrogando o contrato,
estabeleceram, em concordância com a Secretaria da Educação, a data de 31 de
dezembro de 1996 para retomada do prédio.
Ao tomarmos conhecimento desses fatos, buscamos maiores esclarecimentos
junto à Secretaria de Educação, e fomos informado que não haveria maiores
problemas, pois os alunos teriam suas vagas garantidas em outras escolas; esta
notícia, mesmo não sendo oficializada, gerou muita preocupação e
intranqüilidade, uma vez que a comunidade não aceitou de forma alguma essa
possibilidade.
Posteriormente, em audiência com a Sra. Secretária de Educação, foi-nos
solicitado que fizéssemos um levantamento das áreas disponíveis no bairro para
construção de uma nova escola, porém, já de antemão, deixaram claro que
qualquer área apontada deveria ser de propriedade do Estado ou da Prefeitura
Municipal, e que o governo descartava qualquer hipótese de compra de terreno.
Feito o levantamento e em novo encontro com a equipe da Secretaria de Educação,
que tratam a parte de obras, as áreas apresentadas, segundo o estudo da
Secretaria de Educação, revelavam problemas que inviabilizavam a construção.
Apresentaram-nos uma proposta de aproveitamento do local onde já funciona a
Escola Estadual de 1º Grau Incompleto Heróphilo de Azambuja, na Vila IPE I,
abrangendo mais uma praça pertencente à Prefeitura, e por esta recém inaugurada,
e outro espaço onde funciona um prédio da Associação dos moradores, desativado
após incêndio. Convém lembrar que este espaço todo representa menos de um terço
da área de nossa escola atual, que hoje conta com 14.000 m², e que um grande
número de nossos alunos necessitaria tomar dois ônibus para chegar a esse
local.
Nesta oportunidade questionamos os prazos para construção de um novo
prédio, e informaram-nos que, apesar de não poderem precisar com exatidão, esta
não ocorreria antes de agosto de 1996. Prazo esse que discordamos, pois sabemos
que, para construir qualquer prédio, é necessário licitação pública, aprovação
de verbas, plantas, etc.
Ora, difícil é crer que seja possível entregar uma obra desse porte em
condições de funcionamento. Cumpre-nos salientar que a nossa escola atende as
vilas CEFER I, CEFER II, IPE I, IPE II, Vila Brasília, Lomba do Pinheiro,
Agronomia, Partenon e outras localidades. Acrescente-se, ainda, que a escola
goza de um ótimo conceito, pela qualidade de ensino, segurança, organização
administrativa e pedagógica, o que a torna uma das mais procuradas da região.
Portanto, Senhores, isso tudo está prestes a desaparecer se não houver uma
vontade política para construção de uma nova escola, em área que atenda as
nossas justas pretensões, tendo em vista que a qualidade de ensino, tão
propalada pelo governo, só será possível na medida em que nossas reivindicações
seja atendidas.
Outrossim, informamos-lhes, ainda, que a comunidade está em plena
mobilização, e que usará de todas as estratégias e recursos para atingir seus
objetivos, ou seja, uma escola em outra área dessa localidade, mesmo que isso
implique em compra por parte do Estado.
No que se refere ao Governo Municipal, gostaríamos que, em caso de
tratativas com o Governo do Estado, para liberação, permuta ou desocupação de
alguma área, isto fosse agilizado e que obstáculos, que por ventura houver,
sejam superados, tendo em vista o bem maior, que é a educação de nossos jovens.
Assim, confiando no alto sendo de justiça e compreensão por parte de
Vossas Excelências, e contando com vosso apoio, valemo-nos da oportunidade para
apresentar nossa gratidão."
Este documento retrata o que está acontecendo na nossa escola, um
contrato que vem se espichando há 24 anos. Essa escola foi feita em regime de
Comodato no prazo de seis anos - 1962 a 1968. O contrato vem-se renovando e vai
terminar agora. O que essas irmãs estão pretendendo fazer lá é uma coisa muito
importante, é um centro comunitário com ensino profissionalizante, enfim, uma
coisa que, hoje, temos muito pouco e querem ampliar. Agora, não é o custo de
mil, cento e vinte alunos, sendo despejados, que podem fazer isso aí. Acredito
que a comunidade mereça essas duas coisas: o aumento do centro comunitário por
parte das irmãs e a nossa escola que, hoje, abriga um mil e duzentos e vinte
alunos, com um corpo docente com média de 80 professores. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Dilamar Machado está
com a palavra, em tempo de Liderança.
O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, acho que em dias como este, em momento como este, a nossa Tribuna
Popular se mostra de uma excelente utilidade para o Legislativo da Cidade.
O que a comunidade da Antônio de Carvalho nos traz hoje, em nome das
Vilas Cefer I, Cefer II, Ipê I e Ipê II, é de profunda importância, porque se
vê a ameaça clara, até o final deste ano, de ficar desativada uma escola
pública de 1º e de 2º Graus, que dá cobertura há mais ou menos 1.200 crianças,
naturalmente de população sem recursos, porque senão estariam com os filhos em
escolas particulares, sem qualquer outra preocupação.
Quando o tesoureiro, Sr. Karin, fala nas áreas do Estado, eu vejo uma
que conheço há muito tempo, que é uma enorme área , de propriedade da CORSAN,
situada na esquina da Antônio de Carvalho com a Protásio Alves. Qual é a
previsão daquela área? É de, amanhã ou depois, ser invadida, ser dada em
comodato para qualquer picareta ou se transformar em terreno de garagem ou
venda de automóvel usado.
Por que o Estado não pega um pedaço daquela área e não constrói,
imediatamente, uma escola, e junto com a escola por que não constrói ali,
também, um centro comunitário? É preciso que as irmãs façam isso? É o povo
fazendo o que o governo não faz. A responsabilidade, neste caso, não é
exclusiva do Governo do Estado, há um convênio no Município de Porto Alegre em
que o Estado entrega o prédio ou entra com os professores, mas o Município
também tem responsabilidades.
Pelo que entendi, na explanação feita, não há propriamente um contrato
de locação, porque comodato não é locação, é um empréstimo. Houve um empréstimo
da área - e se pagam não é comodato, comodato é um empréstimo mediante
condições - então é um contrato de locação.
Um caminho, Ver. João Dib, V. Exa. que já foi Prefeito, que é leal, é
social, é viável e está dentro do que a Constituição prevê, é declarar de
utilidade pública para fins de desapropriação dessa área. Declarada de
utilidade pública, o Governo teria cinco anos para efetuar o pagamento, ou
depositar aquilo que entendesse em juízo. Esse caminho é possível. Não precisa
esperar uma semana para pensar nisso. Basta chamar o Assessor, mandar bater o
decreto de declaração de utilidade pública. Mas entra, também, uma questão
humana. Será que precisamos penalizar as irmãs porque elas cederam a área de
propriedade delas? Esse é um aspecto.
Outro aspecto é que não podemos penalizar as 1.200 crianças. Tem o
caminho da CORSAN. Sou meio pós-graduado em área da CORSAN em Porto Alegre.
Ali, logo atrás, a direita de quem sobe a Antonio de Carvalho, tem uma enorme
área da CORSAN com campo de futebol, churrasqueira, área de lazer, praças e
jardins, que é da Fundação dos Servidores da CORSAN. Obviamente área pública
destinada à Fundação. Aquele terreno da esquina tem como finalidade futura - só
Deus sabe quando - a construção da nova sede da CORSAN. A nova sede da CORSAN
foi construída há pouco tempo no Centro da Cidade, um edifício enorme com
vários andares, que acabou sendo locado para a Fundação da CORSAN.
Se o Governo deseja construir uma escola definitiva, de propriedade do
Estado para continuar atendendo os 1.200, quem sabe mais 1.200 alunos, aquele
terreno da CORSAN, esquina Antonio de Carvalho com Protásio Alves, é muito mais
do que suficiente. Uma parte dele já seria suficiente para construção da nova
escola. Como segunda opção, ficaria a possibilidade da declaração de utilidade
pública para fins de desapropriação, porque mesmo que nos cause um certo
constrangimento, as irmãs emprestaram. Acontece que o interesse delas é
"desse tamanho" que é do social, do coletivo. Acima do individual
está o coletivo.
Por isso, a solidariedade, não só deste Vereador, como da bancada do
PDT com relação ao problema, que, esperamos ter solução para justificar a
abertura que damos ao povo para que, através da tribuna democrática, que é a
Tribuna Popular, nos leve a raciocinar sobre os problemas da cidade. Faço essa
colocação em nome do PPB. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver.
Jocelin Azambuja, em Liderança.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, em especial o companheiro Karin do CPM da Escola Gema Angelina
Belia. Esta luta de vocês me faz lembrar a luta do Idelfonso Gomes. O Idelfonso
Gomes, aqui na frente do Centro Comercial da Azenha, há anos atrás foi tirado
dali e nós empreendemos uma luta forte, acampamos ali naquele terreno que ficou
para o Sul Brasileiro. Fizemos, enfim, uma série de mobilizações, na época, eu
presidia a Federação de Círculo de Pais e Mestres, pouco a pouco foi se
buscando uma solução e acabou se fazendo com que o Estado comprasse aquela área
do Sul Brasileiro e hoje o Idelfonso Gomes já está num estágio avançado da sua
obra, que deve ser inaugurada ainda no 2º semestre.
Foram anos de luta, mais ou menos, em torno de dez anos de batalha. O
Idelfonso Gomes andou peregrinando por várias casas. O Gema Angelina Belia
sempre teve uma comunidade extremamente participativa, uma comunidade
mobilizada, um CPM super atuante, e eu tenho certeza que vocês vão conseguir
alcançar o objetivo de vocês, e podem contar com a solidariedade da Bancada do
Partido Trabalhista Brasileiro, aqui, nesta Casa, do Ver. Paulo Brum, do Ver.
Morelli, do Ver. Luiz Braz e deste Vereador, porque é uma luta que nos parece
bem mais tranqüila porque ali, em volta da área de vocês, além desta área que o
Ver. Dilamar Machado muito bem colocava da área da CORSAN, tem ainda aquela
área da CEEE com a Ipiranga, tem também aquele terminal de ônibus que está ali
hoje feito um "elefante branco", sem nenhuma utilidade, foi
construído há anos atrás, e está lá sem nenhuma utilização.
Então, nós temos ali naquela região uma série de áreas. Não temos, na
verdade, são mais escolas na região que precisaria e especialmente na área de
2º grau, que é muito limitada. Assim, considero que vocês estão fazendo a
mobilização correta; o CPM e a comunidade são muito atuantes, bem como todas as
direções que por lá passaram.
Em nome da Comissão de Educação, Cultura e Esportes desta Casa, da qual
sou Presidente e participam os companheiros Vereadores Dilamar Machado, Décio
Schauren, Nereu D'Ávila e Raul Carrion, posso afirmar que a nossa Comissão
também está à disposição dos Senhores. Temos um bom relacionamento com a
Secretária Iara Wortmann, o que não tínhamos conseguido anteriormente.
Existem realmente alternativas bastante positivas, além da alternativa
apontada pelo Ver. Dilamar Machado, que seria um Decreto tornando a área de
utilidade pública. Teríamos apenas que averiguar qual é o interesse da
Congregação e se o interesse é construir na área ou se é de forçar que o Estado
assuma a área. Mas as alternativas para a construção existem. Uma escola que
tem uma tradição de 24 anos, como é o caso da Gema Angelina Belia não pode
simplesmente desaparecer de um dia para o outro e ser absorvida por outra
escola, até porque ela cumpre uma função extremamente importante naquela
região.
Considero que vocês estão no caminho certo; bateram na porta certa,
porque a Câmara de Vereadores está aqui para cumprir justamente com esse papel
de buscar soluções para os problemas de Porto Alegre, independente de que seja
na área estadual ou federal. Se for um problema de um cidadão de Porto Alegre,
esse é de responsabilidade desta Casa. Contem com o apoio da Comissão de
Educação desta Casa e, tenho certeza, de todos os Vereadores. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa declara empossado o
Suplente Gérson Almeida, em substituição ao Ver. José Valdir, que se encontra
em licença para tratamento de saúde. O Ver. Gérson Almeida está com a palavra,
em tempo de Liderança.
O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, Sr. Karin, Presidente do CPM da Escola Gema Angelina Belia;
Senhores que nos acompanham na Sessão, hoje, pais, alunos, líderes populares da
região.
Eu queria seguir a trilha dos demais Vereadores. Não acho, como
colocava o Ver. Jocelin Azambuja, que seja tão tranqüila a solução para esse
problema. Por quê? Porque o Círculo de Pais e Mestres, professores, apoiados
pelos alunos, têm já, há um longo período, nos labirintos, nos corredores da
SEC, tentado discutir essa questão. Cuidadosos e ciosos da educação de seus
filhos, não queriam deixar para a última hora essa questão, no entanto têm
ouvido solenes "nãos" às suas reivindicações. Inclusive a própria
Secretária, literalmente, chegou a colocar, para uma comissão do CPM da Escola,
que a hipótese de desapropriar ou comprar uma outra área estava descartada para
atender a demanda de local para a Escola.
Entendi a sua colocação no sentido de que há alternativa e, tendo
vontade política, pode-se resolver o problema. No entanto, s.m.j., essa vontade
política ainda não se apresentou, tanto é que os pais, professores e alunos da
escola tiveram que, na última segunda-feira, apelar para aquilo que é a expressão
da sua falta de esperança, para que, nos caminhos normais, as coisas fossem
evoluir, que foi interromper, durante boa parte da manhã, o trânsito da Avenida
Antônio de Carvalho, uma das mais importantes vias de circulação, como forma de
chamar a atenção da população para a situação dramática que vivem aqueles pais.
Aquela região importante, larga e densamente povoada, inclusive com
desenvolvimento urbano, nos últimos anos, muito forte, é para se construir
novas escolas. Mas se as coisas ficarem como estão, vamos ter uma escola a
menos. E uma escola que tem 1.120 alunos e 70 professores, cuja capacidade
instalada pode abrigar mais alunos.
Nós podemos chegar a uma situação crítica se esta "certa
negligência" do Estado perdurar, porque o contrato de locação que
prorrogou o prazo até dezembro foi feito em 93. De lá para cá, se houvesse
disposição política de resolver o problema, evidente que nós estaríamos
inaugurando a escola este ano, porque já teria tido tempo para licitação,
compra do terreno e construção do prédio. Nós estamos a seis meses do final do
ano e sequer negociações para comprar outro terreno ou para desapropriar o
atual foram feitas. E nós sabemos que, por mais céleres que sejam os
procedimentos, nós não teremos uma outra escola construída até o final do ano.
São dois problemas: primeiro, é ter decisão política da Secretaria do
Estado de assegurar ou naquela área, por desapropriação, ou comprando terreno
em outra área para construir um prédio que ofereça condições, como aquela
grande área oferece aos alunos. O segundo problema é o que fazer nesse
intervalo de tempo entre a compra e a construção da escola? É preciso que haja
prorrogação desse contrato de locação em comodato. Não é possível que a escola
seja entregue, como foi acordado em dezembro, e mesmo que tenha outra área,
quanto tempo levará para ser construído um prédio? Nós sabemos o quanto é
difícil de se fazer essas coisas.
Me parece que a luta dos pais e alunos saiu do cenário interno de
negociação do CPM com a Secretaria de Educação, ganhou as ruas corretamente. Os
pais e alunos já foram à Assembléia Legislativa, estão também negociando com a
Comissão de Educação, estão buscando socorro aqui, na Câmara, lugar correto
para uma questão desta ordem, e me parece que é preciso que a Câmara de
Vereadores, assim como a Assembléia Legislativa, unam forças para que haja um
compromisso formal da Secretaria de Educação do Estado com os pais, professores
e alunos, para que esse impasse seja solucionado favoravelmente à educação no
Município de Porto Alegre, porque no momento em que todos os governantes dos
palanques se elegem com discursos de educação, saúde e segurança, na verdade, é
na educação e na Segurança que nós vamos perder efetivos cada vez maiores e
agora correm o risco de perder uma escola. Portanto, me parece que cabe,
através da Comissão de Educação, formarmos junto com a Assembléia Legislativa
uma comissão para uma reunião formal com a Secretária para tentar resolver esse
impasse. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador. )
O SR. PRESIDENTE: Requerimento com o Ver.
Raul Carrion.
O SR. RAUL CARRION
(Requerimento): Sr. Presidente, no sentido de propor uma reunião da Comissão de
Educação, da qual participamos junto com o Ver. Jocelin, que convoque uma
representação da Secretaria, dos moradores, professores e alunos da escola para
tratar do assunto.
O SR PRESIDENTE: O Ver. Jocelin Azambuja, do
seu discurso da tribuna, já fez a colocação.
Queremos dizer ao Sr. Karin Aquere Júnior que, na qualidade de 1º
Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, que esta Casa - e eu
repito aqui as palavras do Ver. Jocelin Azambuja - foi onde os Senhores
procuraram o endereço certo e que esta Casa não vai ficar alheia aos problemas
e que, através da Comissão de Educação da Câmara, tenham a certeza, se engajará
na luta de todos os Senhores.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA
(Questão de Ordem): Atendendo ao interesse da Comissão de Educação, nós convidamos os
membros da Comissão e o Ver. Gérson Almeida para fazer uma visita amanhã, às
14h, à escola.
O SR. PRESIDENTE: V. Exa., como presidente da
Comissão, faça a convocação, por escrito, aos demais membros.
(Os
trabalhos foram suspensos às 14h51min.)
O SR. PRESIDENTE (às 14h54min): Estão reabertos os trabalhos.
O Ver. Lauro Hagemann solicita tempo Especial. Peço a V. Exa. que
aguarde maior número de vereadores no Plenário, uma vez que é importante o que
vai ser colocado na tribuna. É o relato da viagem que fez a Istambul,
representando esta Casa.
Passamos à
PAUTA ESPECIAL
DISCUSSÃO PRELIMINAR - (até
quatro oradores)
4ª SESSÃO
PROC. 1515/96 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº
031/96, que
dispõe sobre as Diretrizes Orçamentárias para o ano de 1997, e dá outras
providências. Com Emendas nºs 01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08, 09 e 10.
Observação:
- o Projeto somente poderá receber Emendas no
período da PAUTA e no âmbito da Comissão - Artigos 121 da LOM e 120,V, do
Regimento da CMPA;
- em cada Sessão de Discussão Preliminar - PAUTA (06
Sessões), poderão falar até quatro oradores, durante quinze minutos cada um -
Art. 120, II e III, do Regimento da CMPA.
O SR. PRESIDENTE: Inscritos para discussão de
Pauta Especial, Ver. Dilamar Machado. Ausente. Ver. Edi Morelli. Desiste. Ver.
Reginaldo Pujol. Ausente.
Encerrada a discussão de Pauta Especial.
Passamos à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
1ª SESSÃO
PROC. 1389/96 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO
LEGISLATIVO Nº 010/96, de autoria da Vera. Clênia Maranhão, que dispõe sobre o regime
disciplinar do funcionários públicos do Município de Porto Alegre, alterando
dispositivos da Lei Complementar nº 133, de 31 de dezembro de 1985. ("Art.
197 - Das proibições" - inclui inciso XXIV com § 3º: assédio sexual)
2ª SESSÃO
PROC. 1454/96 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
072/96, de
autoria do Ver. Décio Schauren, que denomina Rua Watanabe um logradouro
irregular, localizado no Bairro Belém Velho.
3ª SESSÃO
PROC. 1320/96 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 066/96, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, que denomina
Rua Vítor Moraes um logradouro público localizado na Av. Edgar Pires de Castro.
PROC. 1348/96 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 067/96, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, que denomina
Rua Paulo Fontoura Gastal um logradouro público localizado no Jardim Veronese,
no Bairro Belém Novo.
PROC. 1407/96 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
071/96, de
autoria do Ver. Nereu D'Ávila, que institui a "Semana do Índio" no
Município de Porto Alegre.
PROC. 1504/96 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
073/96, de
autoria do Ver. Décio Schauren, que autoriza a divulgação de fotos de pessoas
desaparecidas no Diário Oficial de Porto Alegre.
PROC. 1514/96 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº
030/96, que
autoriza a permuta de três lotes próprios municipais localizados na Rua 1526,
Quadra "C", do Loteamento Parque São Sebastião, com imóvel de
propriedade da Augusta e Respeitável Loja Simbólica Concórdia et Humanitas nº
56.
PROC. 1319/96 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
065/96, de
autoria do Ver. Raul Carrion, que dispõe sobre a suspensão temporária das
prestações dos imóveis financiados com recursos próprios do DEMHAB a mutuários
que se encontrem desempregados.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Dilamar Machado está
com a palavra para discutir a Pauta. Ausente. O Ver. Edi Morelli, na ausência
de membros para a mesa, desisto. Com a palavra o Ver. Raul Carrion.
O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Usaremos o tempo de Pauta para voltar a discutir o Projeto de lei
que encaminhamos no sentido da suspensão, temporária, das prestações de imóveis
financiados com recursos próprios do DEMHAB, aos mutuários que se encontram
desempregados. Voltamos ao assunto porque esse Projeto suscitou manifestação de
diversos Vereadores; a maioria considerando justo o conteúdo, reconhecendo essa
preocupação, mas alegando, alguns, que isso poderia levar a uma inviabilização
do DEMHAB. Ou que fosse um universo demasiado amplo atingido por esse
benefício. O Ver. Décio Schauren, por exemplo, levantou dúvidas sobre esse
Projeto.
Viemos aqui para analisar essas preocupações e dar a nossa opinião. Em
primeiro lugar esta Casa, sua Auditoria, muito bem colocou que a presente
proposição, ainda que disponha sobre renda dos mutuários, não tem efeito de
reduzi-la ou de anistiar o débito. Na verdade, o que fazemos com essa lei é
possibilitar à pessoa desempregada, durante um prazo de seis meses, a suspensão
dos pagamentos, mas ela não receberia a anistia. Estas prestações seriam
jogadas para o final do contrato, ou, então, o seu valor seria acumulado no que
resta a pagar e dividido no restante das prestações.
Em segundo lugar, a partir dessas preocupações, nós pensamos em fazer
alguma modificação no "caput" do artigo 1º; já o estamos elaborando,
Ver Décio Schauren, para que fique mais claro que o benefício se dará para
aquelas pessoas que estavam empregadas e venham a perder o emprego. É evidente
que nós não pensamos em estender este beneficio para os milhares ou centenas de
milhares que estão no mercado informal, que trabalham por conta própria e, ao
não terem a carteira assinada, não precisariam pagar. Não é este o caso.
Então, a modificação deverá especificar o universo atingido. Aquela
pessoa que assumiu um compromisso, quando estava empregada, e veio a perder o
emprego. Nós comentamos que os 194 mil desempregados, na grande Porto Alegre,
nomeados na exposição de motivos, já se transformaram, hoje, em mais de 206 mil
pessoas!.
Por fim, claro, o desempregado não será perdoado, não será isento. Será
evitada qualquer multa. Pois a pessoa, ao ser desempregada, já está sendo
suficientemente castigada para ter uma multa por eventual atraso. E se daria um
prazo de seis meses de carência. Se persistir o desemprego e o DEMHAB entender
que não há por que prorrogar por mais seis meses, pois haverá esta faculdade ao
DEMHAB - então a pessoa terá que buscar outra forma para encontrar uma solução
para o problema.
Cremos que, tomados esses cuidados, é uma medida justa, correta, e é o
que em nível de município pode ser feito. Nós não podemos cair no comodismo e
vir aqui e dizer: "porque o desemprego", "porque o Britto",
"o FHC" e tal e qual... Concretamente, existe uma possibilidade de
minorar - não de solucionar - o problema: dar seis meses para que a pessoa se
equilibre, busque outro emprego, sem perdoar, sem onerar o Município. Mas
alguém pode dizer: o Município deixou de cobrar 10% de multa. Mas é a parte do
Município. Caso contrário, o nosso discurso, aqui, é hipócrita, desculpem-me
dizer. Algo pode ser feito, algo tem que ser feito, sem cair em doar com o
dinheiro público a alguém. É essa a posição da Bancada do PC do B! E vamos
tentar evitar que esse benefício seja concedido de uma forma inadequada. Muito
obrigado.
(Revisto pelo orador.)
SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver.
Reginaldo Pujol para discutir a Pauta. Ausente. Encerrada a discussão de Pauta.
O Ver. Lauro Hagemann está com a palavra em tempo Especial, de acordo com o
art. 94 do Regimento .
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. Eu assumo à tribuna esta tarde, para cumprir o dever de fazer um
relato sucinto da viagem que fiz, em nome desta Casa, integrando a delegação da
Prefeitura de Porto Alegre a Istambul, para participar do Habitat II. Devo
dizer de início que esse é um relato preliminar, porque a gama de assuntos
tratados nessa Conferência Internacional foi tão amplo, que eu comecei a
elaborar um relatório escrito, que vou distribuir a todos os Vereadores .
Então, essa minha aparição hoje na tribuna é para dizer algumas coisas
preliminares, a fim de que o tempo não se escoe. Habitat II é a designação
genérica de uma Conferência de cúpula que será a última deste século e,
conseqüentemente, deste milênio, promovida pela ONU. E ela culmina com uma
série de reuniões que antecederam essa, a começar pela Habitat I, 20 anos
atrás, em Vancouver, Canadá. São reuniões internacionais a respeito de direitos
humanos, de ecologia, nós tivemos a ECO-92, no Rio de Janeiro, e, no ano
passado, a reunião, na China, das mulheres. Todas essas reuniões antecederam
essa reunião de cúpula que se denominou Habitat II. A delegação de Porto Alegre
era composta pelo Prefeito Tarso Genro; do Secretário de Assuntos
Internacionais, José Eduardo Lutzky; do Diretor do GAPLAN, Ubiratan de Souza;
do Coordenador das Relações Comunitárias, Gildo Lima; de um representante
designado pelo Conselho do Orçamento Participativo, Felisberto Luisi, e por
mim, que representava a Câmara por especial deferência do Plenário desta Casa.
Devo dizer que a participação de Porto Alegre, neste evento,
especialmente na Assembléia Mundial de Cidades e Autoridades Locais, que foi
onde tivemos participação mais direta, a nossa presença foi muito boa. Teve um
reflexo especial. Embora algumas notícias tenham dado conta de que a delegação
porto-alegrense tivesse fracassado, não tivesse tido receptividade, isso não
correspondeu inteiramente à verdade. Se na reunião em que foi projetado o vídeo
sobre o Orçamento Participativo estiveram 20 pessoas, também deve-se dizer que
por um problema de organização do evento todos os prefeitos e autoridades que
tinham um vídeo a apresentar naquele conclave foram prejudicados. Eu fui
testemunha do dia em que isso aconteceu. O Prefeito Tarso Genro efetivamente
falou para 20 pessoas, mas o expositor que lhe seguiu falou para nenhuma
pessoa, tal o grau de dispersão que ocorreu naquele acontecimento, porque os
eventos se desenvolveram em três locais diferentes da cidade e nenhum deles,
evidentemente, próximos a ponto de se poder deslocar a pé.
O principal centro do Habitat II foi o chamado Harb Center, um lugar
magnífico em Istambul, em que se chegava por ônibus. O outro, onde houve a
exposição dos vídeos, era um local preparado pelo governo turco, próximo às
docas. Havia, ainda, um terceiro local onde estavam assentadas as organizações
não-governamentais, que era na Universidade Técnica de Istambul. Então, havia
três locais diferentes onde se desenvolveu o evento, e os companheiros
Vereadores podem imaginar a gama de assembléias e reuniões que ocorreram nesse
espaço de dias.
A Assembléia Mundial de Cidades e Autoridades locais foi, praticamente,
o Centro do Habitat II, porque hoje os organismos internacionais se deram
conta, e nós estamo-nos dando conta disso diariamente, de que a cidade assume,
no processo de desenvolvimento mundial, um lugar cada vez mais destacado. A
urbanização da sociedade humana é crescente a ponto de as projeções da ONU
darem, para o ano de 2015, 2020, que 2/3 da população mundial estarão vivendo
em cidades. E o aumento das megalópoles é coisa espantosa! Hoje, cidades que
contam com 16 milhões de habitantes, 15 milhões, 12 milhões, no ano 2015, 2020,
2025, vão ter 20 a 30 milhões de habitantes
É importante assinalar que
essas megalópoles vão estar localizadas quase todas no 1º Mundo. Das 11
primeiras megalópoles, a primeira será Tóquio, com 30 milhões de habitantes, a
11ª Nova Iorque, e no meio da 1ª e da 11ª, as nove que ficam nesse intermédio,
são todas cidades do Terceiro Mundo. Isso significa, numa análise perfunctória,
que a pobreza e a miséria vão continuar, porque justamente nas cidades do
Terceiro Mundo é que se localiza essa situação que a gente quer combater com
essa projeção da ONU.
O Habitat não preconiza nenhuma solução imediata para ninguém. Essa
conferência mundial visa chamar a atenção do mundo para o problema da
urbanização, o que isso vai significar em termos de mudança de correlação de
forças no processo de desenvolvimento. Uma megalópole com 25, 30 milhões de
habitantes é mais do que muitos países que constituem a constelação da ONU, e
essas cidades, por força de todo o impacto que vão representar no seio de uma
região, elas vão determinar uma mudança de correlação de forças políticas,
sociais, antropológicas de toda ordem. O mundo está mudando e nós temos que
entender essa mudança para prevenir o futuro, senão, não vai haver futuro para
a humanidade. E dentro desse espectro de discussões que se estabeleceu em
Istambul, muitas coisas aconteceram. As organizações não-governamentais, por
exemplo, assumem hoje um papel cada vez mais importante nessa distribuição de
forças que atuam no sentido de pressionar os mais ricos, de pressionar os mais
pobres para que saiam da miséria, de pressionar mudanças para que a sociedade
humana possa encarar o mundo com mais otimismo.
Na reunião de Istambul, eu me atrevo a dizer - porque os resultados
finais ainda não foram publicados - que 2/3 dos 15 mil participantes eram
membros de organizações não-governamentais. Só 1/3 representava as entidades
oficiais. E se a ONU não se precaver e não mudar o seu rumo, a sua direção, ela
vai acabar falando sozinha no mundo, tal a força que assumem, hoje, as
organizações não-governamentais como representantes mais legítimas da sociedade
humana. Nisso, ocorre um fenômeno interessante: está-se percebendo que os
países mais desenvolvidos do Primeiro Mundo já estão atuando junto às
organizações não-governamentais; aquelas tidas como mais audaciosas, mais combativas,
essas estão sendo cooptadas por esses governos para que sirvam aos interesses
do "status quo". Já é perceptível isso, porque muitas organizações
não-governamentais passaram a ter diminuído o seu auxílio por parte daquelas
entidades do mundo todo que até agora ajudavam.
Por outro lado, organizações que ficam mais dóceis aos desígnios desses
governos estão recebendo maiores somas de recursos. Isso é um parêntese.
Eu quero dizer que a delegação porto-alegrense, e quero registrar, com
muita satisfação, a presença da Câmara de Porto Alegre, porque me causou uma
espécie de falha, não sei por parte de quem: o pequeno número de legisladores
locais que havia nessa reunião. Não encontrei quase Vereadores de parte
nenhuma, e os Vereadores, de acordo com o projeto da ONU, têm uma participação
decisiva nesse processo.
O que se recomenda é que todos os setores da sociedade se reúnam para
ajudar a promover, e a delegação de Porto Alegre conseguiu incluir, na
declaração final da Assembléia Mundial de Cidades e Autoridades Locais uma
frasezinha singela, mas que reflete a nossa realidade. No parágrafo 6º, faz
remissão a todas as coisas que devem ser feitas, e diz que "isto deveria
incluir ações destinadas a comprometer todos os setores e grupos sociais no
processo de governo municipal, incluindo a preparação do orçamento". Isso
reflete a nossa realidade, e por isso Porto Alegre foi distinguida pela ONU
como uma das quarenta cidades do mundo que tinham propostas concretas para
serem disseminadas pelo mundo: o nosso Orçamento Participativo.
Vou distribuir, oportunamente, um relatório e vou deixar à disposição
da Casa, na CUTHAB, quase vinte quilos de documentos que eu trouxe, que
refletem uma realidade e projetos do mundo todo. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Raul Carrion está
com a palavra, em tempo de Liderança.
O SR. RAUL CARRION: Sr Presidente e Srs.
Vereadores, quero apresentar uma denúncia que recebi no dia de hoje.
Recentemente tivemos a visita do Presidente da Associação dos Funcionários do
Hospital São Pedro, que já nos antecipava o problema. Hoje os funcionários do
Hospital São Pedro foram comunicados que o Hospital não receberá mais nenhum
novo paciente, mostrando que as medidas que visam o desmonte do Hospital São
Pedro estão sendo tomadas, sem que as iniciativas de descentralização estejam
iniciando, imediatamente. É preciso que aquela convocação ao Sr. Secretário da
Saúde seja agilizada. Pedimos que a Presidente da Comissão de Saúde acompanhe,
junto com o Ver. Pedro Américo Leal, essa questão.
Em segundo lugar, chamo a atenção desta Casa para a noticia veiculada
no jornal “Zero Hora” do dia de hoje - porque sabemos da sua postura firme em
defesa dos interesses do Estado e do Meridional. O referido Jornal, na pág. 28,
diz o seguinte: "Meridional terá preço menor"; "O Banco Central
estuda concessão de vantagens aos compradores". Não basta que noventa por
cento do seu valor seja pago com moedas podres, e que cem por cento seja
alienável para o capital estrangeiro. Temos a notícia, ainda do mesmo jornal,
de que a venda será facilitada de duas formas: com a redução do preço do Banco
- que, já sabemos, é inferior ao seu valor - e a concessão do chamado
"direito de regresso" ao comprador. Vejam os Senhores o que está se armando!...
O "direito de regresso" é a forma encontrada para que os novos
proprietários possam devolver ao Governo os ativos considerados de má qualidade
ou mesmo abater do preço de compra os valores classificados de difícil
recebimento.
Recordo que, no dia que foi suspenso o leilão, falei da tribuna desta
Casa para dizer que ainda que fosse auspiciosa a notícia, e isso significava
que o leilão - que não havia sido alterado, quando toda a sociedade se levantou
contra - estava sendo alterado porque os banqueiros estavam exigindo uma
depreciação ainda maior, e vantagens ainda maiores do Governo! É isto que está
armado.
Além disso, o Governo poderá financiar o comprador para a compra do
controle acionário do Meridional.
Vejam bem, o Governo está se desfazendo de um banco, porque afirma não
ter dinheiro para investir nele; mas o Governo pode chegar ao ponto de
financiar o comprador com dinheiro público para tornar esse banco privado!
Acredito que esta Casa deve retomar a vanguarda da luta, da denúncia contra
mais esse crime que FHC está fazendo contra o Brasil.
Também a "Folha de São Paulo" mostra o País em que estamos
vivendo: Governo Federal está cortando verbas do Orçamento de 96 em diversas
áreas: educação, dos 249 milhões, o corte de investimentos foi de 45, 89%;
apenas 134 milhões serão liberados; no Meio Ambiente, dos 599 milhões
previstos, somente 188 milhões e 700 mil reais serão aplicados. O corte no meio
ambiente foi de 68,50%. No Ministério da Saúde, o corte será de 74,85%; dos 399
milhões, FHC vai aplicar somente 100 milhões.
É este o nosso País: entrega-se o patrimônio público, em nome de
investir no social, e paralelamente corta-se, como nunca, esses investimentos
sociais.
Na verdade, o que se está fazendo é reduzir este País a um mero pagador
dos banqueiros internacionais: de uma dívida impagável que já está paga. Não é
para aplicar no social que está se entregando o patrimônio público. Muito
obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Clovis Ilgenfritz
está impedido de assumir a titularidade nos dias 11 e 12 de junho de 96. A Mesa
declara empossado o Suplente Darci Campani, nos termos regimentais.
Há quorum, passamos à
ORDEM DO DIA
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 2401/95 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº
067/95, que
altera a redação dos incisos III e V do artigo 6º da Lei nº 7532, de 25 de
outubro de 1994, que autoriza o Executivo Municipal a conceder
vales-alimentação. Com Emendas nºs 02, 03 e 04.
Pareceres
- da CCJ. Relator Ver. Luiz Negrinho: pela
aprovação do Projeto;
- da CEFOR. Relator Ver. Antonio Hohlfeldt:
pela aprovação do Projeto;
- da CUTHAB. Relator Ver. Clovis Ilgenfritz:
pela aprovação do Projeto .
Observações:
- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta
dos membros da CMPA - Art 82, § 1º, III, da LOM;
- Emenda nº 01 retirada pelo autor;
- adiada a discussão por duas Sessões;
- discutiram a matéria os Vereadores R. Carrion, M.
do Rosário, E. Morelli e A. Ferronato.
O SR. PRESIDENTE: Apregoamos o Requerimento
assinado pelo Ver. Henrique Fontana, que solicita o adiamento por duas Sessões
do PLE nº 67/95. Em votação. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados.(Pausa.) APROVADO.
O SR. PAULO BRUM
(Requerimento): Sr. Presidente, requeiro que seja votado em primeiro lugar, na Ordem
do Dia, o PLL nº 064/96.
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento
do Ver. Paulo Brum. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 1248/96 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
064/96, de
autoria do Ver. Paulo Brum, que altera dispositivos da Lei nº 6442, de 11 de
setembro de 1989, com a redação dada pela Lei nº 7631, de 04 de outubro de
1995. (isenção do pagamento de tarifa do transporte coletivo aos portadores do
vírus HIV)
Observação:
- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta
dos membros da CMPA - Art. 113 da LOM;
- incluído na Ordem do Dia por força do Art. 81 da
LOM.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Em
votação. (Pausa.) Solicito votação
nominal. (Após a chamada.) APROVADO o
PLL nº 064/96, por 18 votos SIM e 02 votos NÃO.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 2426/95 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
139/95, de
autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que acrescenta artigo à Lei nº 7632, de
10.07.95, que estabelece critérios para o uso do cinto de segurança nas vias
terrestres do Município de Porto Alegre.
Observação:
- incluído na Ordem do Dia por força do Art. 81 da
LOM;
- adiada a discussão por uma Sessão.
O SR. PRESIDENTE: Requerimento de autoria
deste Vereador, Edi Morelli, solicitando o adiamento de discussão, por uma
Sessão, do PLL nº 139/95. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 0797/96 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
037/96, de
autoria do Ver. Giovani Gregol, que inclui o "Baile da Redenção" no
calendário oficial da Semana de Porto Alegre, e dá outras providências. Com
Emenda nº 01.
Pareceres
- da CCJ. Relator Ver. Reginaldo Pujol: pela
aprovação do Projeto e da Emenda nº 01;
- da CECE. Relator Ver. Dilamar Machado:
pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01;
Observação:
- adiada a discussão por uma Sessão.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº
037/96. O Ver. Giovani Gregol está com a palavra, para discutir.
O SR. GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
é um Projeto singelo como outros que
esta Casa já aprovou no passado, mas não por isso deixa de ter mérito. É um
evento, Ver. Lauro Hagemann, V. Exa. que esteve nos representando recentemente,
e muito bem, aliás, numa das grandes cidades, numa cidade grande que é
Istambul, mais conhecida como Constantinopla, acho que a única cidade do mundo
que ocupa dois Continentes. Do lado de cá do Canal chamado Bósforo - ainda no
continente europeu - e, do lado de lá, na Ásia. Aquela área é muito conhecida
dos historiadores como Bizâncio, sede do Império Bizantino que durou mil anos e
que teve uma enorme importância histórica, cultural e religiosa, origem da
Igreja Ortodoxa Russa, por exemplo. Dali saíram dois grandes santos - São
Cirilo e outro cujo nome não recordo - que evangelizaram os povos eslavos. Daí
a origem do alfabeto cirílico, que é aquele alfabeto com o qual escrevem os
russos, que consideramos tão diferente e que foi inventado por monges
bizantinos.
Assim, todas as cidades têm as suas datas especiais, seus eventos
tradicionais, característicos, que têm que ser não apenas usufruídos como
fortalecidos e mantidos. Esse é o caso do nosso chamado “Baile da Redenção”.
Por erro de datilografia, no Projeto está escrito "Baile de
Redenção", mas o atilado Ver. Reginaldo Pujol apresentou uma Emenda -
agradeço a ele - restabelecendo o nome correto e original. O nome "Baile
de Redenção" poderia dar outras conotações, apesar de o "Baile da
Redenção" não deixar de ser redentorista, de nos trazer a redenção da
alegria popular.
Peço, então, o voto favorável dos Srs. Vereadores, para que essa data
venha a se integrar, a partir da sua aprovação, no calendário oficial de
eventos do nosso Município. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Em votação o PLL nº 37/96.
O SR. JOÃO DIB: Solicito que seja feita
votação nominal.
O SR. PRESIDENTE: (Após chamada nominal.) Não
há quorum. Estão encerrados os trabalhos.
(Encerra-se a Sessão às 15h45min.)
* * * * *